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O Brasil está usando mais energia para produzir o mesmo US$ 1 no PIB

Enquanto o mundo está usando menos energia para produzir bens e serviços, o Brasil está gastando mais para produzir a mesma riqueza. Dados da Agência Internacional de Energia (AIE) mostram que a intensidade energética – medida pelo volume total de energia usado para produzir um dólar de PIB (Produto Interno Bruto) – global caiu 1,8% no ano de 2016. No Brasil, onde cresce ao menos desde 2013, esse indicador subiu cerca de 2% em 2016. [1]


Na China, a intensidade energética caiu 5,2% em 2016. Nos EUA, a queda foi de 2,9%; e na União Europeia (UE), de 1,3%. Segundo os dados da AIE, a capacidade de crescer consumindo proporcionalmente menos energia trouxe ganhos de produtividade para essas nações. Nos cálculos da agência, o bônus de produtividade decorrentes dos ganhos de intensidade energética em 2016 foi de US$ 1,1 trilhão na China, US$ 532 bilhões nos EUA e US$ 260 bilhões na UE. No mundo, foram US$ 2 trilhões. O Brasil não aparece na lista.[1]


O bônus de produtividade decorrentes dos ganhos de intensidade energética em 2016 foi de US$ 1,1 trilhão na China e US$ 532 bilhões nos EUA. No mundo, foram US$ 2 trilhões.

Os números da AIE, que constam do relatório Energy Efficiency 2017, levam em conta a energia primária, ou seja, não apenas a geração de eletricidade, mas também a lenha ainda usada em lares brasileiros, e o combustível que movimenta os carros e os caminhões, por exemplo [2].


Segundo dados da Ministério de Minas e Energia o Brasil não tem um bom histórico no quesito intensidade energética [3]. A figura a seguir apresenta, para alguns anos, os índices de intensidade energética industrial, que é a relação entre energia e valor agregado do setor (inclui o consumo de energia no setor energético). A figura tem como ano referência 2005, ou seja, a intensidade energética de 2005 foi adotada como 100% e as dos demais anos assumem percentuais relativos a ela. Observa-se no bloco da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que o indicador caiu quase à metade entre 1973 e 2014. No Brasil, a intensidade aumentou cerca de 40% no mesmo período.


Para os países da OCDE o indicador caiu quase à metade entre 1973 e 2014. No Brasil, a intensidade aumentou cerca de 40% no mesmo período.

Índices de intensidade energética da indústria (2005=100%)

O aumento, até 2000, no indicador de intensidade da Austrália, se deve à forte expansão do consumo próprio da indústria de energia, com foco na exportação de carvão mineral, a preços pouco atrativos. Enquanto no México, a partir de 1980, houve uma forte expansão da exportação de petróleo, o que explica os aumentos no indicador de intensidade até 1990.


Fica claro que o país precisa investir mais na eficiência energética fomentando políticas publicas e popularizando conhecimento. Entretanto, as empresas precisam avaliar melhor seus processos produtivos pois o desperdício de energia é geralmente uma doença silenciosa que leva a perda de milhões dólares. O comparativo com outros países evidencia que existem oportunidade de melhora, que o Brasil pode melhorar muito seus processos produtivos. Sim, nós podemos fazer mais com menos...(o que é bem oportuno em tempos de crise).



Referências:


[1] Jornal do Comércio (http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/11/cadernos/jc_logistica/596529-brasil-usa-mais-energia-para-produzir-us-1-no-pib.html)


[2] Energy Efficiency 2017 https://www.iea.org/efficiency/

[3] Resenha Energética Brasileira 2017 http://www.mme.gov.br/documents/10584/3580498/02+-+Resenha+Energ%C3%A9tica+Brasileira+2017+-+ano+ref.+2016+%28PDF%29/13d8d958-de50-4691-96e3-3ccf53f8e1e4?version=1.0

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